Deve
haver uma maneira de parar de me esvair de modo tão kamikaze nesta saudade
arrebatadora, ausência transmorfa de você. Suponho que em algum lugar do
planeta alguém deva estar passando pelo mesmo que eu e aplicando ALUCINADAMENTE
alguma fórmula 'mágica' para ver se da resultado e, sabendo ainda, que pode ser em vão. Por mais trágico que
pareça, tem pessoas que sofrem gravemente, sentindo como eu, que se esgota, que se desgarra da
pele um pouco a cada dia, que morre com lentidão torturante porque as
recordações voam ao redor de sua cabeça, no âmago de sua mente como abelhas africanas furiosas entorno do favo
de mel - Desespero!
Todos
os dias leio, releio, leio em abundância e me canso da leitura, danço, rio,
sorrio, me enojo, como, volto a comer, interajo com outras pessoas, sonho,
sofro pesadelos e não durmo. Escrevo, cozinho, tento colocar ordem no caos
organizado da minha casa, da minha vida, da minha alma - e às vezes não - Ilusionismo!
Perco-me
na imagem de meu rosto refletida no espelho e em minhas cismas atrelada a
este formidável
pacto com a melancolia, assisto diariamente lágrimas rolarem mornas e
atrevidas
por minha face e tomo consciência de que já não moro mais em mim. Mais
uma taça de
vinho. Paro de ouvir as minhas (nossas) músicas e volto a buscar por
elas
enlouquecida novamente. Abraço-me e tento seguir levando, me maquio, me
ponho
natural e continuo lendo, imaginando, revivendo teimosamente tudo, todos
os gestos, todas as palavras, todas as promessas e juras que nos
dedicamos, todos os poemas que nos proporcionamos. Olho o céu, as
estrelas, recordando as centenas de vezes que me
disseste que seu amor por mim jamais pereceria e que ele daria voltas e
voltas na lua para me encontrar, para me encantar ... Me despedaço
tentando entender como algo tão belo, precioso e REAL se transformou
nesta mentira sincera a causar dano irreparável tão profundo - Me
condeno!
Sinto
o cheiro da chuva fria, o seu cheiro na chuva... Suspiro, agonizo, me
abato,
me debato, me abalo, extenuo, desmorono, me desfaço corroída por dentro e
por fora, soluço, descanso, ouvindo o frenético desesperador tic
tac do relógio, conto ovelhas, mentiras e ilusões - um café, um cigarro
(só
porquê você abomina) - um ansiolítico Sertralina, Dietil, Diempax.
Respondo emails, converso comigo mesma
tentando me acalmar. Adianto o trabalho, choro, prometo não chorar, tomo
três
banhos por dia tentando lavar da alma o horror medonho dessa tristeza
parasita, me perco no silencio
da casa prestando atenção em tudo sem nada ver, buscando uma resposta,
até que
ouço o refugar agudo do vazio, que de pronto, se faz em eco, e me
transtorna
porque se converte em sua voz, em teu riso, em teus olhos, em tuas mãos
em seu
alento, em teu sexo a se materializar diante de mim e eu não sei, se
talvez,
seja isso que me mantém viva, porém, ao desaparecer de repente, volto a
realidade, regresso a rotina causticante de sempre, começando pelo
pesadelo da saudade
repetindo indefinidamente o seu nome... O meu nome em sua boca em mesmo
ciclo - Alucinação!
Penso
que o problema desta minha 'agenda emocional ocupadíssima' é que nenhuma
destas situações
dantescas reflete continuidade, porque cada uma delas, eu acho, e para a
minha
grande e pior consternação, são parte de mim, e então, muito mais do que
antes, volto
a recordar-te e segues assim, a devorar minha existência
enlouquecendo-me como
sempre... Como se estivesses aqui ao lado meu SEMPRE-VIVA, pulsante em
carne e
osso, dentes, boca, mãos sorriso... e não apenas dentro de mim, em
desvario frenético manifesta... Por que o meu maior medo é deixar você
ir - Lamento!
3 comentários:
Nossa, dias aqui percorrendo tudo e estou estremecida!
Tudo muito belo, diferenciado, profundo, quase insano
Quem é você, Loba deusa Azul?
Me arrasta para o vapor e para o crepúsculo.
Eu parto como o ar, agito minhas mechas sob o sol fugitivo,
Derramo minha carne em remoinhos e deixo-a à deriva em saliências rendilhadas.
Lego-me ao pó para crescer da relva que amo,
Se queres me ver novamente, procura-me grudado à sola de tuas botas.
Dificilmente saberás quem sou ou o que significo,
Mas hei de ser para ti boa saúde assim mesmo,
E filtrarei e darei fibra ao teu sangue.
Se não puderes me encontrar na primeira vez, mantém a esperança,
Não me achando em certo lugar, procura em outro,
Fico em alguma parte à tua espera.
(Walt Whitman)
Soberbo!
Seu Blog é um diferencial "tocante"!
Parabéns e um abraço
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