O tempo tem a astúcia dos
cupins. Trabalha em silencio, não faz alarde, usa sapatos de algodão. Lembro-me
bem das nossas conversas. Um dia
ficaremos juntas! – Profetizei. Ela deu uma gargalhada gostosa e respondeu: “É
melhor você esperar sentada”. Eu esperei (não necessariamente sentada). Fiz
coisas, conheci pessoas, viajei muito, ocupei a cachola com projetos, aflições,
devaneios, besteiras, paixões. Enquanto estamos na cozinha, preparando café e
tapiocas, penso no tempo que perdemos separadas. Eu sei que é tolice. Afinal, não
há perda, mas acúmulo de vivências.