Mediante a
algum encantamento que se extingue,
os sonhos se desvanecem.
Não é por dolo do sonhar este desvanecer,
e sim, pela indigência de não mais
alimentar-se de ilusão.
Sim...
Os sonhos envelhecem e se dissolvem
ressequidos e claudicantes
na ampulheta voraz da expectativa desfeita
e da esperança perdida!
__Melhor é não sonhar...
e da esperança perdida!
__Melhor é não sonhar...
Um comentário:
Poema VI (Pablo Neruda)
Te recordo como eras no último outono.
Eras a boina cinza e o coração em calma.
Em teus olhos pelejavam as chamas do crepúsculo.
E as folhas caiam na água de tua alma.
Apegada a meus braços como uma trepadeira,
as folhas recolhiam tua voz lenta e em calma.
Figueira de estupor em que minha sede ardia.
Doce jacinto azul torcido sobre minha alma.
Sinto viajar teus olhos e é distante o outono:
boina cinza, voz de pássaro e coração de casa
fazia onde emigravam meus profundos anseios
e caiam meus beijos alegres como brasas.
Céu desde um navio. Campo desde os cerros.
Tua recordação é de luz, de fumaça, de tanque em calma!
Mais além de teus olhos ardiam os crepúsculos.
Folhas secas de outono giravam em tua alma.
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