Sonho tanto você que a
tangência de meus sentidos desgovernam - Não existe horas noite dia mês - Existe
só imponderabilidades e saudade e um NUNCA adeus que não me permite esperançar,
ficar ou seguir - Creia... estas mesquinharias me estafam - D e s t i - TUA - m e !
>>> Por meu sentimento intenso... mereço sala
aconchegante com um tapete bem posicionado cheio de segundas intenções et la sensualité, alcova discreta requintada
de delicadezas, cama ensolarada e flores frescas na janela, cuisine em fogo lento passionnée, casa de banho com essências
aromáticas de jasmim e Patchouli sugerindo massagem absorvente
e duradoura, cachorro, gato e um passarinho! Não aceito menos que a porta da
frente. Não aceito corredor e... nem a porta dos fundos para se cortejar e
minimamente cultivar um grande amor assim...
Como é tão
vermelho o meu intenso sol dourado de ti... Sinceras seriam minhas luas
platinadas, minhas manhãs turquesa e almiscaradas em ti... Te quiero em ouro
português 22 quilates... Quero-te em beijos mordidos em gemido borincano... Te
quiero em seixos, em conchas, em búzios, em leitos de mar e rio ensandecida em mosaicos
caleidoscópicos de volúpia... Em fragmentos de contentamento de cristal murano
te quero azul, amarela, branca e mel... Caliente venusiana quase Spaña y vino...
Rubro jaspe, pasión dementadora... Hipotenusa de meus perenes desejos
mais notórios e obscenos... Quase bacante... Quase ternura...
Narcotizante... Te quiero para siempre porque hoje e sempre estou alucinada de
fragrâncias tórridas e saudade... E, me sonho urgentemente condensada ao esmeraldino descerrar de suas pálpebras,
por tuas mãos possuída sem censura... Porque mesmo antes de te conhecer eu já
te pertencia e te sentia em mim alizarin... Porque contigo eu faria meu reinado
y meu harén. Porque você é a criatura adorada de todos os meus dias... É AQUELA
que sempre busquei e que tendo encontrado, encontrei a mim!
Ontem depois que te enviei aquele email bem à tardinha, fui assistir algo e dormi um sono comprido... num esvair de letargia eterna articulando esquecimento e, submergindo assim inesperadamente para o nada, sonhei você e eu imersas em uma banheira de lousa murano em forma de concha escavada no chão.
Ela era quase opalescente e até a borda cheia de água sulfurosa, tépida. Espuma, aromas exóticos... Eu podia sentir e identificar todas estas impressões de maneira descomunal neste cenário de desdobramento de percepção. Sons, cores, luz de velas coloridas de cera de abelha perfumadas refletindo e cambiando matiz bruxuleante por todo o ambiente.
O vapor fluindo em círculos concêntricos, o padrão do piso, das paredes e pavimentos em peças de majólica coloridas e congruentes, ajustadas umas às outras, de forma contínua a formarem mosaicos de selos (Dios... selos como aqueles das cartas medievais em que o remetente o fazia em lacre diamond e o assinava com o brasão de seu anel) em tons vermelho jaspe entremeando anagramas em azul turquesa e que, em seus caracteres e simbolismo, narravam sobre nós.
Podia ouvir o rumor buliçoso da água despedaçada pelo movimento dos nossos corpos nus coesos ali agarrados, tangidos pelo encanto da força de atração. Calor, sede, desejo queimando, consumindo sem extinguir numa dor avassaladora de prazer que chega - que já está e que não pode partir sem deixar marca.
Você me pegando, possuindo todos os espaços físicos e qualquer orifício de persona e eu ali, te pertencendo tanto... Até que você segurando-me sempre, sentou-me encaixada a cabeceira madrepérola desta cavidade côncava e se aprumou sobre minha face como uma deidade fêmea com teu sexo escorrendo em meus lábios... Eu te senti, como se fosse tu a minha essência, meu âmago e totalidade a entornar-me pela boca, pela alma. Eu te bebia te comendo, comungando-me em vínculo de profundeza insondável contigo.
Neste instante e deste modo em que estávamos as duas em nós definidas - quando meus olhos por fração de segundos desviaram do cravar esmeraldino dos teus fitos nos meus, percebi admirada que não existia ‘teto’ neste espaço em que estávamos...e sim, aberta para a noite obsidiana, uma imensa abóbada cravejada de estrelas, planetas a girarem poliedros em sequência nautillus e, ao centro espiralado, uma Stela platinada de todas as fases lunares a nos fazer vigília como imensas sentinelas brancas. Todas elas, ali perfiladas em elemento e ao mesmo tempo existindo e perpetrando em uníssono a eficácia de seus domínios manifestos.
E, foi assim que abri os olhos no máximum do limite imponderável das sensações e vertigem, amada minha - Nem viva e nem muerta, nem desperta e nem dormindo... Nem inteira e nem pela metade - apenas ‘repleta de ti numa lucidez incomensurável jamais concebida, jamais imaginada’ e tendo a certeza que depois deste exótico episódio onírico, deixei de SER o que quer que seja que eu cria ser.
Ah... Como são confinatórios e transtornantes estes arroubos de sentimentalidade ao me fazerem sentir como se eu fora um ‘eco’ de nós duas enfeitiçado e preso a um vórtice de espaço tempo que desconhece o próprio Tempo! - Acho que devo me tratar, pois não há consolo e lenitivo para profundidade de lacunas tão desmesuradamente avassaladoras - SOS terapia intensiva, injeção na testa, coquetel Molotov de barbitúricos, eletro-choque, sossega leão, camisa de força e ‘suíte’ de 2mx2m acolchoada, pois, não aguento sozinha processos tão agudos e bizarros de cognição... Pensando bem, nem Neruda no auge de sua tórrida e delirante paixão por Matilde Urrutia aguentaria, obsessão de amor tão desconcertante!
Deve
haver uma maneira de parar de me esvair de modo tão kamikaze nesta saudade
arrebatadora, ausência transmorfa de você. Suponho que em algum lugar do
planeta alguém deva estar passando pelo mesmo que eu e aplicando ALUCINADAMENTE
alguma fórmula 'mágica' para ver se da resultado e, sabendo ainda, que pode ser em vão. Por mais trágico que
pareça, tem pessoas que sofrem gravemente, sentindo como eu, que se esgota, que se desgarra da
pele um pouco a cada dia, que morre com lentidão torturante porque as
recordações voam ao redor de sua cabeça, no âmago de sua mente como abelhas africanas furiosas entorno do favo
de mel - Desespero!
Todos
os dias leio, releio, leio em abundância e me canso da leitura, danço, rio,
sorrio, me enojo, como, volto a comer, interajo com outras pessoas, sonho,
sofro pesadelos e não durmo. Escrevo, cozinho, tento colocar ordem no caos
organizado da minha casa, da minha vida, da minha alma - e às vezes não - Ilusionismo!
Perco-me
na imagem de meu rosto refletida no espelho e em minhas cismas atrelada a
este formidável
pacto com a melancolia, assisto diariamente lágrimas rolarem mornas e
atrevidas
por minha face e tomo consciência de que já não moro mais em mim. Mais
uma taça de
vinho. Paro de ouvir as minhas (nossas) músicas e volto a buscar por
elas
enlouquecida novamente. Abraço-me e tento seguir levando, me maquio, me
ponho
natural e continuo lendo, imaginando, revivendo teimosamente tudo, todos
os gestos, todas as palavras, todas as promessas e juras que nos
dedicamos, todos os poemas que nos proporcionamos. Olho o céu, as
estrelas, recordando as centenas de vezes que me
disseste que seu amor por mim jamais pereceria e que ele daria voltas e
voltas na lua para me encontrar, para me encantar ... Me despedaço
tentando entender como algo tão belo, precioso e REAL se transformou
nesta mentira sincera a causar dano irreparável tão profundo - Me
condeno!
Sinto
o cheiro da chuva fria, o seu cheiro na chuva... Suspiro, agonizo, me
abato,
me debato, me abalo, extenuo, desmorono, me desfaço corroída por dentro e
por fora, soluço, descanso, ouvindo o frenético desesperador tic
tac do relógio, conto ovelhas, mentiras e ilusões - um café, um cigarro
(só
porquê você abomina) - um ansiolítico Sertralina, Dietil, Diempax.
Respondo emails, converso comigo mesma
tentando me acalmar. Adianto o trabalho, choro, prometo não chorar, tomo
três
banhos por dia tentando lavar da alma o horror medonho dessa tristeza
parasita, me perco no silencio
da casa prestando atenção em tudo sem nada ver, buscando uma resposta,
até que
ouço o refugar agudo do vazio, que de pronto, se faz em eco, e me
transtorna
porque se converte em sua voz, em teu riso, em teus olhos, em tuas mãos
em seu
alento, em teu sexo a se materializar diante de mim e eu não sei, se
talvez,
seja isso que me mantém viva, porém, ao desaparecer de repente, volto a
realidade, regresso a rotina causticante de sempre, começando pelo
pesadelo da saudade
repetindo indefinidamente o seu nome... O meu nome em sua boca em mesmo
ciclo - Alucinação!
Penso
que o problema desta minha 'agenda emocional ocupadíssima' é que nenhuma
destas situações
dantescas reflete continuidade, porque cada uma delas, eu acho, e para a
minha
grande e pior consternação, são parte de mim, e então, muito mais do que
antes, volto
a recordar-te e segues assim, a devorar minha existência
enlouquecendo-me como
sempre... Como se estivesses aqui ao lado meu SEMPRE-VIVA, pulsante em
carne e
osso, dentes, boca, mãos sorriso... e não apenas dentro de mim, em
desvario frenético manifesta... Por que o meu maior medo é deixar você
ir - Lamento!