Jamais e em hipótese alguma 'se invente' para o seu amor,
isso é covardia!
Não se pode criar e manter um personagem por muito tempo e
todos podem ter defeitos que até parecem engraçadinhos no começo, mas
lembre-se: _Quando as águas abaixam e deixamos de 'flutuar', aparecem às pedras
que provavelmente nos cortarão os pés profundamente (sabemos).
Neste passo e segundo esta crônica de Martha Medeiros que
abaixo segue (As razões que o amor desconhece), nela encontramos muito que
acrescentar a necessidade de sermos nós mesmos em essência ao nos depararmos cm
o (a) possível parceiro (a) que nos acompanhará em inabalável cumplicidade
pelos caminhos da existência - Afinal, não existe nada mais decepcionante e
cruel no mundo que acordar em meio a uma encruzilhada e se ver lá sozinho (a)
ludibriado (a) e tremendamente ferido (a) com seus sonhos e esperança
despedaçados por ter confiado demais e depositado 'a nossa vida' em mãos de uma
parceria vilã, 'ilusionada e desleal'.
- Pense nisto e no que irremediavelmente machuca e
vilipendia para sempre, pois, por mais dolorida e mortificante que seja a
verdade, esta jamais abalará a honra e a dignidade de uma criatura, quanto mais
o direito inerente de 'confiar', sendo esta uma das preciosidades mais valiosas
da alma... Afinal, nesta nossa vida tão curta e fugaz, poder verdadeiramente
'acreditar' em algo a que se entrega não tem preço e, se ultrajada, remorso
merecido que pague (apague)!
Segue:
*Crônica do Amor in, "As razões que o amor desconhece" de Martha Medeiros
Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso
contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de
pretendentes batendo a porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O
verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem
e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe
dá, ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam,
pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas
que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.
Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e
ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio
vocês combinam. Então?
Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa
imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela
e ela adora implicar com você. Isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele
veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos
empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para
príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.
Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito
manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você
ama este cara?
Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros,
revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas
sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.
É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial
de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo,
bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e
seu fettucine ao pesto é imbatível.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo.
Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um
sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois
apaixonados.
Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC.
Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas,
bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é!
Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior
de quem precisa.