quarta-feira, 8 de junho de 2016

Contigo irei



Irei debruçar minha lira sobre sua tez
Para desbravar a escuderia de seu coração
Arrancar suas sandálias, desnudar seus pés
Rebentar seu colar, encontrar sua pulsação
Desofuscar seus olhos
Perfumar-lhe o corpo
Abarcar-me em seu colo ao cambiar nossos sonhos
Atordoar seus ossos, embaralhar teus sentidos
Eleger-me seu escopo
Besuntar com seiva seus tornozelos
Desembocar na hidrografia das suas pernas
Cintilar e bambear com esmero seus joelhos
Sibilar em seus ouvidos adorações ternas
Valsar na cadência de seus quadris
Contrair com doçura seu abdômen
Embrenhar-me na torrente de seus ardis
Oferendar-lhe em Cancún um totem
Arquejar suas vértebras, eriçar seu dorso
Desfolhar-te a intimidade ritmadamente
Ciclonizar sua relva, embalar seu repouso
Vislumbrar suas mãos agarradas trêmulas em mim
Esvoaçar seus cabelos com ternura infinita
Tatuar meu nome em seus lábios enquanto você me chama
Provocar-lhe lampejos, espasmos únicos e raros de contentamento
Só contigo transpor planícies, oceanos de tempo e qualquer obstáculo

E desposar-te entre as flores do Lácio


terça-feira, 7 de junho de 2016

Intangível


Frio rigoroso, arrepios austrais

Coloquei minha jugular de encontro a alguns raios de sol
Coincidiu, desceu, subiu... Alisou uma língua morna

Falando de contentamento, de coisas inventadas,
sonhos impossíveis pela boca Tua...
Depois, sumiu... É inverno ainda

Falsas promessas, palavras ao vento...

É Inverno ainda

quinta-feira, 2 de junho de 2016

O poder do engano


Nunca imaginei poder fazer parte de algo tão perfeito.
Não preciso explicar como, _ Não a você!
É difícil de expressar, pois, é como entrar em um sonho
que você teve a vida toda e depois descobrir que este
sonho é mais real do que toda a sua existência.

Sabemos então, que ser obrigado a deixar de sonhá-lo
é como desmembrar qualquer vínculo com a alegria,
a esperança, o contentamento. É como se a vida lhe
faltasse e se transformasse em algo diminuído que
vai sumindo, definhando agonizante e enfraquecido.

Você percebe então que não vive mais e apenas vegeta
aprisionado a lembrança de um sentimento que não pode
mais te alimentar ou restituir o vigor. E é assim que tua
alma desesperada intui que está tudo perdido e se
dissipa completamente exaurida pelo poder do engano...

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Pertencimento


Tem um espaço em mim que te pertence
Nele você dorme e acorda. Segue-me...
À noite eu abro minhas janelas
E ganho o mundo...

E cada palavra é música
Versos de Buarque,
Versos de Holanda...
Versos nossos...

Tão nossos que ninguém entenderia
A profundidade, a densidade, a rima.
Por que em mim... você é TUDO e
TODO o meu mundo TODO!