terça-feira, 29 de novembro de 2016

Gravidade


Passo o dia numa espécie de transe
Literário e fonético
A gravidade de Newton estende os
Ramos até às palavras
Sobressalto de algas ainda úmidas
De significado que transcende
O cansaço dos meus olhos
A vertigem imersa nas veias
A vastidão hipotética de um verso
Preso a uma corda por uma mola
O afiar as sílabas na pele
Estremecer por fora e por dentro

Onde o todo e o nada se (in)contêm.


Apelo



Sonho tanto você que a tangência de meus sentidos desgovernam - Não existe horas noite dia mês - Existe só imponderabilidades e saudade e um NUNCA adeus que não me permite esperançar, ficar ou seguir  - Creia... estas mesquinharias me estafam - D e s t i - TUA - m e !


segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Mira-me



Olha-me
Encontra-me através da luz deste
universo inescrutável de possibilidades
na névoa desta aurora velosíssima

Olhe para mim com seus dentes,
boca, mãos, braços, abraços, sorrisos
e alcança-me através da espuma dos
oceanos intermináveis que nos cercam


terça-feira, 23 de agosto de 2016

Sublimis Verbum



Sublimis Verbum

Mesmo que o grito que trago na vontade
fique adiado para um futuro esquecido;
Mesmo que a luz apodreça
nos meus olhos cegos
e o silêncio seja a certeza intransigente
da minha realidade...
Há a palavra.
Princípio majestoso
de todas as razões do mundo

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Contigo irei



Irei debruçar minha lira sobre sua tez
Para desbravar a escuderia de seu coração
Arrancar suas sandálias, desnudar seus pés
Rebentar seu colar, encontrar sua pulsação
Desofuscar seus olhos
Perfumar-lhe o corpo
Abarcar-me em seu colo ao cambiar nossos sonhos
Atordoar seus ossos, embaralhar teus sentidos
Eleger-me seu escopo
Besuntar com seiva seus tornozelos
Desembocar na hidrografia das suas pernas
Cintilar e bambear com esmero seus joelhos
Sibilar em seus ouvidos adorações ternas
Valsar na cadência de seus quadris
Contrair com doçura seu abdômen
Embrenhar-me na torrente de seus ardis
Oferendar-lhe em Cancún um totem
Arquejar suas vértebras, eriçar seu dorso
Desfolhar-te a intimidade ritmadamente
Ciclonizar sua relva, embalar seu repouso
Vislumbrar suas mãos agarradas trêmulas em mim
Esvoaçar seus cabelos com ternura infinita
Tatuar meu nome em seus lábios enquanto você me chama
Provocar-lhe lampejos, espasmos únicos e raros de contentamento
Só contigo transpor planícies, oceanos de tempo e qualquer obstáculo

E desposar-te entre as flores do Lácio


terça-feira, 7 de junho de 2016

Intangível


Frio rigoroso, arrepios austrais

Coloquei minha jugular de encontro a alguns raios de sol
Coincidiu, desceu, subiu... Alisou uma língua morna

Falando de contentamento, de coisas inventadas,
sonhos impossíveis pela boca Tua...
Depois, sumiu... É inverno ainda

Falsas promessas, palavras ao vento...

É Inverno ainda

quinta-feira, 2 de junho de 2016

O poder do engano


Nunca imaginei poder fazer parte de algo tão perfeito.
Não preciso explicar como, _ Não a você!
É difícil de expressar, pois, é como entrar em um sonho
que você teve a vida toda e depois descobrir que este
sonho é mais real do que toda a sua existência.

Sabemos então, que ser obrigado a deixar de sonhá-lo
é como desmembrar qualquer vínculo com a alegria,
a esperança, o contentamento. É como se a vida lhe
faltasse e se transformasse em algo diminuído que
vai sumindo, definhando agonizante e enfraquecido.

Você percebe então que não vive mais e apenas vegeta
aprisionado a lembrança de um sentimento que não pode
mais te alimentar ou restituir o vigor. E é assim que tua
alma desesperada intui que está tudo perdido e se
dissipa completamente exaurida pelo poder do engano...

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Pertencimento


Tem um espaço em mim que te pertence
Nele você dorme e acorda. Segue-me...
À noite eu abro minhas janelas
E ganho o mundo...

E cada palavra é música
Versos de Buarque,
Versos de Holanda...
Versos nossos...

Tão nossos que ninguém entenderia
A profundidade, a densidade, a rima.
Por que em mim... você é TUDO e
TODO o meu mundo TODO!


segunda-feira, 14 de março de 2016

Quiero - (O que você pediria ?)


Quiero

Un “Buenos días”
Un beso
Y un café

Un “Buen provecho”
Un par de risas
Y un té

Un “Como te fue ?”
Una carícia
Y un vino

Un “descansa”
Una mirada
Y un Te Quiero!


Y por supuesto... Un psiquiatra que me ayude a "dejar" de hacer peticiones a una estrella fugaz



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Pour mon sentiment intense...



Meu amor é paciente
Bate à porta
Espera

Mas fica o aviso
Esse amor nunca irá morar
Em um corredor


>>> Por meu sentimento intenso... mereço sala aconchegante com um tapete bem posicionado cheio de segundas intenções et la sensualité, alcova discreta requintada de delicadezas, cama ensolarada e flores frescas na janela, cuisine em fogo lento passionnée, casa de banho com essências aromáticas de jasmim e  Patchouli sugerindo massagem absorvente e duradoura, cachorro, gato e um passarinho! Não aceito menos que a porta da frente. Não aceito corredor e... nem a porta dos fundos para se cortejar e minimamente cultivar um grande amor assim...



domingo, 21 de fevereiro de 2016

Affinity



A empatia
é um encanto irresistível,
transmitido sem que se tenha
de dizer uma só palavra...

Bastando mirar
os olhos de alguém,
e lá se ver refletido de volta...
de forma engajada


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Fragmentos Azuis (Fragments Bleus)



O sonho ruiu...
Secou, de tédio enfadou amargo
A sede enfim se fartou desfigurada num desejo partido

Distante Jazz perdido um Blue amor que definhou
de tanto que o preservei precioso em mim
em meio a laminas de saudade, ausências e abismos

Dias antigos amontoados encalham desperdiçados,
abandonados sem bússola, sem farol, sem Norte algum

Dias de hoje inúteis... entorpecidos, fragmentados,
‘des-fi-a-dos’ gota-a-gota, nó-a-nó, do pó-ao-pó retornados

Dias futuros mofados faltando um pedaço,
esquecidos do mistério e da ilusão aguda que
me trouxe e fez chegar até aqui... desenganada

amor-(talhada), amor-(cegada), amor-(tecida)...



terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Do amor que sinto


Como é tão vermelho o meu intenso sol dourado de ti... Sinceras seriam minhas luas platinadas, minhas manhãs turquesa e almiscaradas em ti... Te quiero em ouro português 22 quilates... Quero-te em beijos mordidos em gemido borincano... Te quiero em seixos, em conchas, em búzios, em leitos de mar e rio ensandecida em mosaicos caleidoscópicos de volúpia... Em fragmentos de contentamento de cristal murano te quero azul, amarela, branca e mel... Caliente venusiana quase Spaña y vino... Rubro jaspe, pasión dementadora... Hipotenusa de meus perenes desejos mais  notórios e obscenos... Quase bacante... Quase ternura... Narcotizante... Te quiero para siempre porque hoje e sempre estou alucinada de fragrâncias tórridas e saudade... E, me sonho urgentemente condensada ao esmeraldino descerrar de suas pálpebras, por tuas mãos possuída sem censura... Porque mesmo antes de te conhecer eu já te pertencia e te sentia em mim alizarin...  Porque contigo eu faria meu reinado y meu harén. Porque você é a criatura adorada de todos os meus dias... É AQUELA que sempre busquei e que tendo encontrado, encontrei a mim!


sábado, 6 de fevereiro de 2016

(Sortilege) - Repostagem


Ontem depois que te enviei aquele email bem à tardinha, fui assistir algo e dormi um sono comprido... num esvair de letargia eterna articulando esquecimento e, submergindo assim inesperadamente para o nada, sonhei você e eu imersas em uma banheira de lousa murano em forma de concha escavada no chão. 
Ela era quase opalescente e até a borda cheia de água sulfurosa, tépida. Espuma, aromas exóticos... Eu podia sentir e identificar todas estas impressões de maneira descomunal neste cenário de desdobramento de percepção. Sons, cores, luz de velas coloridas de cera de abelha perfumadas refletindo e cambiando matiz bruxuleante por todo o ambiente.
O vapor fluindo em círculos concêntricos, o padrão do piso, das paredes e pavimentos em peças de majólica coloridas e congruentes, ajustadas umas às outras, de forma contínua a formarem mosaicos de selos (Dios... selos como aqueles das cartas medievais em que o remetente o fazia em lacre diamond e o assinava com o brasão de seu anel) em tons vermelho jaspe entremeando anagramas em azul turquesa e que, em seus caracteres e simbolismo, narravam sobre nós. 
Podia ouvir o rumor buliçoso da água despedaçada pelo movimento dos nossos corpos nus coesos ali agarrados, tangidos pelo encanto da força de atração.  Calor, sede, desejo queimando, consumindo sem extinguir numa dor avassaladora de prazer que chega - que já está e que não pode partir sem deixar marca. 

Você me pegando, possuindo todos os espaços físicos e qualquer orifício de persona e eu ali, te pertencendo tanto...  Até que você segurando-me sempre, sentou-me encaixada a cabeceira madrepérola desta cavidade côncava e se aprumou sobre minha face como uma deidade fêmea com teu sexo escorrendo em meus lábios... Eu te senti, como se fosse tu a minha essência, meu âmago e totalidade a entornar-me pela boca, pela alma. Eu te bebia te comendo, comungando-me em vínculo de profundeza insondável contigo.
Neste instante e deste modo em que estávamos as duas em nós definidas - quando meus olhos por fração de segundos desviaram do cravar esmeraldino dos teus fitos nos meus, percebi admirada que não existia ‘teto’ neste espaço em que estávamos...e sim, aberta para a noite obsidiana, uma  imensa abóbada cravejada de estrelas, planetas a girarem poliedros em sequência nautillus e, ao centro espiralado, uma Stela  platinada de todas as fases lunares a nos fazer vigília como imensas sentinelas brancas. Todas elas, ali perfiladas em elemento e ao mesmo tempo existindo e perpetrando em uníssono a eficácia de seus domínios manifestos.

E, foi assim que abri os olhos no máximum do limite imponderável das sensações e vertigem, amada minha  - Nem viva e nem muerta, nem desperta e nem dormindo... Nem inteira e nem pela metade - apenas ‘repleta de ti numa lucidez incomensurável jamais concebida, jamais imaginada’ e tendo a certeza que depois deste exótico episódio onírico, deixei de SER o que quer que seja que eu cria ser.

Ah... Como são confinatórios e transtornantes estes arroubos de sentimentalidade ao me fazerem sentir como se eu fora um ‘eco’ de nós duas enfeitiçado e preso a um vórtice de espaço tempo que desconhece o próprio Tempo!  - Acho que devo me tratar, pois não há consolo e lenitivo para profundidade de lacunas tão desmesuradamente avassaladoras -  SOS terapia intensiva, injeção na testa, coquetel Molotov de barbitúricos, eletro-choque, sossega leão, camisa de força e ‘suíte’ de 2mx2m acolchoada, pois, não aguento sozinha processos tão agudos e bizarros de cognição... Pensando bem, nem Neruda no auge de sua tórrida e delirante paixão por Matilde Urrutia aguentaria, obsessão de amor tão desconcertante!

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Sempre-Viva (Ecos de Minh'Alma) - Repostagem


Deve haver uma maneira de parar de me esvair de modo tão kamikaze nesta saudade arrebatadora, ausência transmorfa de você. Suponho que em algum lugar do planeta alguém deva estar passando pelo mesmo que eu e aplicando ALUCINADAMENTE alguma fórmula 'mágica' para ver se da resultado e, sabendo ainda, que pode ser em vão. Por mais trágico que pareça, tem pessoas que sofrem gravemente, sentindo como eu, que se esgota, que se desgarra da pele um pouco a cada dia, que morre com lentidão torturante porque as recordações voam ao redor de sua cabeça, no âmago de sua mente como abelhas africanas furiosas entorno do favo de mel - Desespero!

Todos os dias leio, releio, leio em abundância e me canso da leitura, danço, rio, sorrio, me enojo, como, volto a comer, interajo com outras pessoas, sonho, sofro pesadelos e não durmo. Escrevo, cozinho, tento colocar ordem no caos organizado da minha casa, da minha vida, da minha alma - e às vezes não - Ilusionismo!

Perco-me na imagem de meu rosto refletida no espelho e em minhas cismas atrelada a este formidável pacto com a melancolia, assisto diariamente lágrimas rolarem mornas e atrevidas por minha face e tomo consciência de que já não moro mais em mim. Mais uma taça de vinho. Paro de ouvir as minhas (nossas) músicas e volto a buscar por elas enlouquecida novamente. Abraço-me e tento seguir levando, me maquio, me ponho natural e continuo lendo, imaginando, revivendo teimosamente tudo, todos os gestos, todas as palavras, todas as promessas e juras que nos dedicamos, todos os poemas que nos proporcionamos. Olho o céu, as estrelas, recordando as centenas de vezes que me disseste que seu amor por mim jamais pereceria e que ele daria voltas e voltas na lua para me encontrar, para me encantar ... Me despedaço tentando entender como algo tão belo, precioso e REAL se transformou nesta mentira sincera a causar dano irreparável tão profundo - Me condeno!

Sinto o cheiro da chuva fria, o seu cheiro na chuva... Suspiro, agonizo, me abato, me debato, me abalo, extenuo, desmorono, me desfaço corroída por dentro e por fora, soluço, descanso, ouvindo o frenético desesperador tic tac do relógio, conto ovelhas, mentiras e ilusões - um café, um cigarro (só porquê você abomina) - um ansiolítico Sertralina, Dietil, Diempax. Respondo emails, converso comigo mesma tentando me acalmar. Adianto o trabalho, choro, prometo não chorar, tomo três banhos por dia tentando lavar da alma o horror medonho dessa tristeza parasita, me perco no silencio da casa prestando atenção em tudo sem nada ver, buscando uma resposta, até que ouço o refugar agudo do vazio, que de pronto, se faz em eco, e me transtorna porque se converte em sua voz, em teu riso, em teus olhos, em tuas mãos em seu alento, em teu sexo a se materializar diante de mim e eu não sei, se talvez, seja isso que me mantém viva, porém, ao desaparecer de repente, volto a realidade, regresso a rotina causticante de sempre, começando pelo pesadelo da saudade repetindo indefinidamente o seu nome... O meu nome em sua boca em mesmo ciclo - Alucinação!

Penso que o problema desta minha 'agenda emocional ocupadíssima' é que nenhuma destas situações dantescas reflete continuidade, porque cada uma delas, eu acho, e para a minha grande e pior consternação, são parte de mim, e então, muito mais do que antes, volto a recordar-te e segues assim, a devorar minha existência enlouquecendo-me como sempre... Como se estivesses aqui ao lado meu SEMPRE-VIVA, pulsante em carne e osso, dentes, boca, mãos sorriso... e não apenas dentro de mim, em desvario frenético manifesta... Por que o meu maior medo é deixar você ir - Lamento!