sábado, 24 de novembro de 2012

Melancholia (Homenagem a Camille Claudel)

Melancholia

(Homenagem a Camille Claudel)


"Trago a revoar em minha’lma 


um vazio perpétuo repleto de pássaros nieros 

a mirar-me com seus olhos ocos e asfixiantes, com suas azíagas asas de navalha

 e seus bicos recurvos e pontiagudos de angústia 


a devorar-me  incontinentes qualquer migalha de contentamento  
 

Por entre as  estalactites corroídas da ausência ouço 

 cada vez mais próxima a melancólica cantilena 

deste abissal crocitar em eco:

 __Tormento... tormento... tormento"



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

AMOR-FINA



Todo grande amor a gente come enquanto ele devora a gente
Amor-cegados a gente bebe, a gente suga, absorve, consome morrendo
A gente morrrde... arrranha... lambe profusamente renascendo
Lambuza, ensandece, entontece... entorpece de contentamento
amor-tecidos por sensações de inigualável plenitude e pertencimento!

Com todo grande amor da vida nossa, a gente vai ao céu e como Ícaro
- Não resiste e perdura e insiste em compartir o Sol dos Girassóis e não desiste
mesmo atados aos bastidores lisérgicos das alturas ou das mais inefáveis profundezas
- Inclusive ao ponto de perder
(com muito gosto) o singular livre arbítrio de nossas benditas asas, para assim ‘alar’ a tal da divina cumplicidade tão esperada e única

A gente se biparte em Aeons de mil "Eus", em centelhas flamejantes
de 'querer incondicional', mas, jamais abandona o grande amor da alma nossa
nem que o mundo acabe naquele momento, pois, o nosso grande amor estará ali
cingido e miscigenado a nossa costela em urdidura intrínseca ao nosso anátema
e a manifestar-se como  unico ícone de nossa catarse mais absoluta...

Na hora H de nossa equação mais sublime compartida
No momento X para qual toda nossa existência foi confiada
No instante cego e iluminado de nosso 'Zem-Querer'
No tempo exato de dizer com toda a alma nossa amor-talhada em êxtase:

_Bem vinda seja, criatura adorada - a nossa vida inteira!


...O teu amor...



...O teu amor...

Sinto-o em cada fração da comissura de meus lábios molhados
em fragmentos hóstico de saudade de nós duas que bebo e como a beijos
com ardor e obsessão em odes crúcis de adoration


...O teu amor...

Sinto-o no volátil incenso de tua perene presença que teimo rememorar
quando trazido pela litania das lembranças latejantes que acariciam 

com unhas farpadas de cilício, meu corpo hoje solitário 
- hermético anacoreta excomungado 
da metade Tua que era Minha

...O teu amor...

Sinto-o em cada vergastada desta melancolia obscena e descontentamento,
desenhando em 'braille' em minha pele penitente
 murmúrios desconéxos que soam descompassados, dissonantes ...
Gemendo em úníssono concupiscente:

__Meu amor... meu amor... meu amor...
 __Mea Culpa!



quinta-feira, 22 de novembro de 2012

EU CRIA


EU CRIA

Eu cria em nós... Em nuestra aliança e não precisava
tocar-te para sentir-te ou para estar em ti alinhavada
como se fora a mais exótica e bela das tapeçarias

Mas, tu tocas a imponderabilidade das possibilidades
e, possibilidades não se tocam, não se ‘alinham’
-Já que por si só, são possibilidades unilaterais

Lamento... Muy lamento, mas sei que estas
mesmas “probabilidades” hão de te fazer enxergar
além de si mesma na Luz... no Caos ou na Cruz

Afinal...
Esta alquimia amorosa não alimenta minha'lma sozinha.
Guisa, 'encontro' tão único em sua magnitude e 'regalo' tão
escandalosamente perfeito, faz de ti inconteste partícipe.