segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Porque te como a Beijos!

Todo mundo quer paixões arrebatadoras. Eu não... Sabia?

A Paixão rubra, pomposa e flamejante em seu pedestal me censura escarlate!

Acha-me tão meramente bucólica, ri com cinismo dissimulado da minha cara e acha meu romantismo completamente piegas, cansativo e demodée... (rs).

A Paixão debocha de mim com indecorosas gargalhadas vermelhas...

Ela sabe que estou no vento, que eu não tenho “cura, que sou caso perdido, animal obsoleto em extinção”!

- A Paixão sanguínea me despreza e desabona minha insustentável leveza!

Mas, ainda assim eu suspiro!

Eu quero estar assim a me espichar pachorrenta em meu novelo sincero de tranquilidade e habilidades inúteis.

Eu quero namorar em casa.

Eu quero lamber todas as horas que escorrerem nos ponteiros de minha vida e depois chupar os dedos contente.

Eu quero dormir junto no fim de semana também. Eu quero ver a novela das oito. Eu quero fazer jantinhas no sábado.

Eu quero pegar na mão, fazer cafuné e chamar de "môr" e correr a fazer um chá de anis estrelado (o que em minha lenda cura de tudo) e dar Melhoral quando o meu “mor” estiver com gripe ou apenas mal humorada.

Eu quero poder dormir também sem transar e, só ficar ali, intermináveis horas a desfiar infinitas “trilhas de beijos” na nuca, costas, covinha do bumbum, coxas, fazendo cosquinha no mistério do ventre... derramando ternura gota-a-gota só pra ter o gosto de te contemplar perfumada completamente sedenta e molhada!

Ah! Eu quero conversar com a sogra (nem que seja só um pouquinho, rs), lembrar do niver dela e comprar um presentinho guapo (só pra te dar prazer). Eu quero beber cerveja nas festas de família e rir sem culpa da piada sem graça das suas cunhadas.

Eu quero vasculhar o shopping atrás daquele lingerie que é a cara de você por mim desejada.

Eu quero falar bobagem. Eu quero ouvir bobagem. Eu quero falar de trabalho e de praia, de garoa, de sol e madrugadas.

Eu quero fazer programas de casal ímpares e ficar abraçada quietinha contemplando um Luar de Agosto perdido no tempo, mesmo que estejamos em Março.

Eu quero fazer maratona de filmes comendo pipoca e a sua boca de marasquino.

Eu quero ficar nua embaixo do edredom mirando embevecida meu amor sonhar.

Eu quero tomar banho juntas, vinho a duas, sorrir e dar gargalhadas bobas e descompromissadas.

Eu quero almoços de domingo feito a quatro mãos.

Eu quero aniversários de dias, meses, anos... de horas ao seu lado.

Eu quero ficar conversando na cozinha e, de repente, lembrar que preciso beijar de novo o teu umbigo.

Eu quero tocar nos lugares certos.

Eu quero beijar encantada uma eterna boca conhecida e só minha.

Eu quero brincar com a pintinha escondida.

Eu quero tirar calcinhas de algodão. Eu quero sentir o cheiro de banho recém-tomado.

Eu quero cabelos molhados. Eu quero luz de velas no quarto e contar estrelas perdidas no céu da sua boca.

Eu quero nossa cama, casa, tapete, carro, corredor. Quero sentir na pele o roçar preguiçoso de nosso alvo lençol de linho e cambraia...

Eu quero dar e receber flores sem data marcada e dormir de conchinha protegida em sua rede de braços.

Eu quero saber à hora certa de parar e a de recomeçar pelo compasso de sua respiração.

Eu quero olhar no olho e poder ler os pensamentos.

Eu quero cara de choro e manha e biquinho charmoso fazendo dengo.

Eu quero sentar no colo, colecionar nossas fotografias juntas, “mimar você” e me embriagar de surpresas românticas. Ler-te e reler infinitas vezes em Braille... Decorar-te na minha, alma Tua!

Eu quero noites memoráveis tecidas e fiadas na urdidura exata da cumplicidade.

Eu quero confiar cegamente e transpor abismos de mãos dadas.

Eu quero olhos brilhando, nítidos de contentamento.

Eu quero dizer "eu te amo" com sinceridade, como se depois de anos, sobrevivesse ainda eco da primeira vez. Fazer despertar em ti, manhãs azuis açucaradas com sabor de hortelã colhidinho na hora e perfumadas de Lua e de Mel.

Eu quero “enfeitar” você de você.

Ora!... Eu adoro e não me constranjo por ser "fora de moda, patética e ridícula"! - Quem precisa da Paixão encarnada?

Deixe-a lá com as coisas incandescentes, formidáveis e importantes dela!

Deixe-a lá a colecionar enfeitiçada seu arsenal quimérico de labaredas.

Deixe-a lá a tecer efervescida, sua sanha, sua teia, sua trama pandoresca de infidelidades e ardis.

Deixe-a lá em sua alcova ilusionada por seu falso esplendor pirotécnico, pois, não preciso do sedutor fulgor de seus olhares fugidios, falsos brilhantes emprestados e seus arrepios ilegítimos!

Eu preciso de amor... Só de AMOR... Verdadeiro, único, eterno e incondicional mesmo que ele esteja, assim como eu, em inexorável extinção.

E você, do que você precisa para ser feliz e se encontrar?


* (A Paixão, sussurrou-me em segredo um anjo... Além de abusada, essa doida é uma péssima atriz fingida!).


5 comentários:

Anônimo disse...

Belíssimo!

Mara

Anônimo disse...

Nossa, que declaração linda!

Anônimo disse...

adorei

Odilla disse...

Adorei!

Anônimo disse...

Mui rico!