domingo, 13 de maio de 2012

Fim de Ato



Ninguém nunca dará a mim o TUDO que você me deu
Ninguém nunca dará a ti o TUDO que eu te dei
em entrega imensurável e sincera demais para ser
imitada por quaisquer outros sentimentos vindos a nós,
que não os nossos próprios, em profundeza de almas [minha e tua]
compartidos em perfeita sintonia de entrega absoluta!


Mas agora, por favor... Chegou o momento de soltarmos as mãos

Essas mesmas mãos que um dia declaramos em pleno manifesto
da excelência de nosso profundo amor [jamais] soltar!
Dói demais a angústia e aflição destes cacos de vidro transmutados
em decepção que acrescentamos, sem que o percebêssemos,
em meio ao santuário da palma de minha mão agarrada a tua.

Nossos corações estão sangrando a este estreitar de nossas mãos

e amargam desesperados nesta clausura obscura que antes era
iluminada de promessas de proteção, sublimidade, liberdade e cura.
Não compreendo onde fomos capazes de realizar tamanha alquimia
assombrosa do que nos era antes, aliança formidável e sagrada,
mas agora, solte as minhas mãos, pois não posso partir com o calor das tuas.


Estávamos quem sabe distraídas, quando alheias ao precipício,

não intuímos querida, que o perigo de nos encontrar, também
nos faria perder o Dom da dedicação irrefutável, do cuidado

e desamparar tudo assim desfigurado, despedaçado, violado... Sim,
já é hora, solte a minha mão agora, pois, tenho de dar-nos as costas,
esvaziar-me de todo esse colosso amoroso de tua presença dentro em mim,
fragmentar as cinzas desta idolatria por ti até nunca mais te sentir e,
jamais sonhar acordada ou ser novamente nutrida pelas juras de nós duas!



* [Em fim de ato e fechando estas cortinas rotas e mofadas,
sem aplausos ou indignação... Apenas uma inominada vaia
aguda e agourenta que por muito tempo haverá de me
acompanhar a memória da alma, como se fosse um afiadíssimo
bisturi a achincalhar os pontos falsos desta minha desditosa
aliança de Beijos partidos a me estilhaçarem os Lábios]

                                                                                        

Um comentário:

Anônimo disse...

Que poema mais triste!