quinta-feira, 16 de junho de 2011

“A Esfinge (ou) A Mulher Indecifrável” (Postagem antiga retornando à pedidos)



A heroína vai caminhando e vê de longe a esfinge. Ela sabia que a encontraria. Revia mentalmente todos os seus conhecimentos, tudo o que aprendeu e assimilou para esse momento. Chega prostra-se na frente da Esfinge e espera.  Depois de algum tempo, percebe que algo está errado. A Esfinge parece “aérea” e distraída... Às vezes a olha de soslaio, mas com um olhar displicente, como se não se desse conta de que ela estava ali, toda “ paramentada” na frente dela e naquele calorão de doido.

___Ô!!! Hei!!!

Pachorrentamente, a Esfinge se inclina para a heroína:

__Hã...? É comigo...? _ e olha ao redor.

__Putz... Descabelo-me toda numa viagem “feladaputa”, num calor dos infernos nesse deserto causticante, sem comida, com pouca água, borrando a maquiagem prá isso?... Claro que é contigo!! Com quem mais seria??

__ Sei lá. Não existo só eu no mundo, sabia?  Diz a esfinge c/ cara de quem “não to nem ai”!

__?!?! ?!?!?! Olhe ao redor !?!?!?!?! Você vê mais alguém?

__ Hummm... È mesmo. Isso anda tão deserto... Você sabe por quê?

__Hã?! Você é louca?!?! Você é a Esfinge, certo?

__Sim.

__Então...?

__Então o que? Ta com o “miolo mole”, moçinha?

__ A pergunta!!!!!!

__Que pergunta meu bem?!?!

Nossa heroína joga sua espada e escudo ao chão, aos pés do colosso em total desespero. Olha incrédula para a figura enorme a sua frente tentando decifrar o que seu olhar quer dizer. No que, a bendita Esfinge, só faz devolver o olhar na maior languidez, como se diante dela existisse apenas um belo sorvete de casquinha de pistache.

Sem saber mais o que fazer, nossa destemida aventureira se joga no chão de costas, fica contemplando o céu azul, sentindo o calor quase insuportável da areia esquentar sua armadura. É quase um autoflagelo para recuperar o controle. Depois de certo tempo, ela ouve:

__Cuidado...

Com as esperanças renovadas, ela levanta de um só pulo, pega o escudo se arma com a espada, conserta a coluna e espera a continuação e, de boca aberta ela ouve:

__Essa areia é muito quente...  Você pode ter insolação, adquirir facilmente um câncer de pele e comprometer este seu tão sexi visual, querida!

Bobagem estragar rostinho tão... Hummm... Tentador...

Estupefata, ela continua na mesma posição, sem saber como reagir.

Começa a achar que está louca e que aquilo era uma miragem lisérgica.  Esfrega freneticamente os olhos, tentando apagar a visão, mas, obviamente não consegue. A Esfinge toda solícita, oferece:

__É cisco? Quer que eu sopre? Que pena... Você borrou seu rímel...

__Não!!! Quero a pergunta!!! A pergunta!!!

__Ih... Lá vem vc linda, com esta história de pergunta de novo... Aliás, o que veio fazer aqui, sozinha, nesse deserto, neste calor de crematório... O que vc quer?!?!?

__Passar!!! Eu quero passar!!!!

__Ah, passar “não pode”!!!! Diz a esfinge meneando languidamente a poderosa cabeçorra.

__Então!!! É isso que estou dizendo!!! Quero passar e vc tem de fazer a pergunta!!!

__Tenho?? Qual??

__ “Decifra-me ou te devoro”!  Essa pergunta!!

__Nunca ouvi antes... E se você decifrar-me? O que acontece?

__Ai meu Jesus Cristinho com o carneirinho nas costas... Bem que mamãe falou pra eu ser vigarista, larápia, gatuna... Mas não, tinha de me meter a ser heroína... Uma amazona destemida... Aiii.... Se eu decifrar, eu passo, entende?!

__Hum... É... Parece divertido... Parece justo... Ta bom.

__Então???

__Então o que?

__A PERGUNTA!!!!!!

__Mas você não já sabe a resposta? Tem que perguntar? Esses humanos e, principalmente essas “mocinhas andrógenas”... Ta bom, lá vai: “Decifra-me ou te devoro!”

Silêncio. Nossa heroína, empolgadíssima aguarda a segunda parte da pergunta. Aquela que selará o seu destino. A glória da morte ou a alegria da vitória, o coração pulsava, ela suava, tremia não de medo, mas de emoção. E esperou... Um minuto... Dois minutos... Foi ficando impaciente:

__Cadê?!

__Aiiii! Com mil escaravelhos, menina!... Cadê o que agora?

__O resto da pergunta. O Enigma!!!

__Resto? Não tem resto... É isso. Decifra-me ou te devoro. Gostei... Simples e objetivo.  É só.

Abismada, ela olha no fundo do olho da Esfinge, na esperança de entender o que aquilo queria dizer, de poder penetrar em sua rebuscada mente e compreender o que se passava por lá. O que ela queria dizer com aquilo.

__Nãooo!  Ta errado! Tem de ter outra pergunta. Assim não dá!

__Assim não dá? Assim você não me decifra?

__Não.

__Hummm...

Novo silêncio.

__Então ta. Foi sua idéia. Corre.

__O que?!?!?!

__Corre. Você não me decifrou. Corre.

__Mas... Você não perguntou...

__Perguntei, você me olhou o quanto quis, tanto que até quase me apaixonei na mira desse seu olhar modelo Cleópatra e, não conseguiu me decifrar. Corre.

__Mas assim você é indecifrável! Tem que falar algo...

__Bom, sempre me disseram que não sou muito de falar. Corre.

__Mas...

Paft, pou, nhac, burp, teim, teim... Burp!!!

__Mandei correr...

(monólogo da Esfinge)

...Humm... Tô sentindo um arrependimentozinho tão dolorido... Ela bem que me pareceu interessante...
Tão destemida, tão charmosa... E, que belíssimo trazeiro!

Próxima vez que aparecer por aqui outra incauta aventureira, e, se tiver tão tentadores predicados... Acho que mudarei essa minha dieta! Será bem mais divertido “desgustar” vítima tão trigueira em minha milenar alcova... Hehehe... Ai, ai... Que lindo par de coxas e que apetitosa boca doida de marasquino!!!... Aff!

Tá decidido!!! Chega de “desperdício”!!!... Tsc... Tsc..

Bem feito pra mim!... Preciso parar de ser assim tão abstêmia e pudica. Ora, ora... Além de perder tão “deliciosa” companhia, ainda por luxo, vou engordar uns quilinhos... Humpf!

Mto ingrata esta profissão de esfinge!... Ninguém merece!

Próxima vez eu juro que o enigma será:

“Decifra-me, que te lambo inteira!”

Daí... Dou uma de doida, monto pirâmide pra moça, encomendo perfumes, lingerie sexi e especiarias do Cairo, sais de banho do Oriente.... Humm, quem sabe até aqueles artefatos eróticos que tanto ouvi falar... Dou um Look no visual que tou mesmo precisando (“minha voz continua a mesma”, mas, os meus cabelos...! Estão péssimos com toda essa areia e vento do deserto, arguiiii, que descuidooo!) e depois... Hummm.... Ora!

__E que seja lá o que Nefertite quiser!



Já que tanto me perguntam...


Não há vida sem riscos. Arriscar calculado é previsível, chato, cansativo, além de ilusório, pois viver é o maior e mais delicioso risco de todos. Pensar que podemos controlar os resultados é no mínimo arrogante. Quem controla poda e podar demais limita, enfraquece, desbota. Já perceberam que o controle acaba sempre com a espontaneidade? E o que acontece com o controlador quando o resultado não sai como calculado... Sai de baixo! Socorro!

Deduzir nem sempre é interpretar a verdade dos fatos. É um pré-julgamento de certezas alheias. É criar um mundo de ilusões baseado na própria maneira de enxergar a vida.

Deduzir, é curiosidade aguçada, é tentar desvendar o sagrado de cada um. É definir o abstrato, autenticar o irreconhecível, camuflar o fidedigno. Já não bastam as deduções que temos de enfrentar durante nossa caminhada! Deduções de caráter, de estilo, pensamentos, comportamentos, sentimentos. Saem por aí subtraindo nossa personalidade, nossa estética, descontam por conta própria palavras e atitudes de um vasto conjunto de idéias. Sub-traem, exatamente, traem por baixo. É sujo.

Quem olha do lado de fora não identifica as verdadeiras razões e intenções, apenas mensuram inexatidões, descartam probidades, anulam qualidades. Só aceito e concordo com os descontos comerciais, em notas fiscais, mesmo assim discriminados os percentuais, agora, reduzir-me feito número decrescente? Isso não! Não preciso de aproximações feito dízima periódica.

Destemida e determinada. Observadora e silenciosa. Romântica e parceira. Já perdi as contas de quantas vezes tive que levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima, e continuo caminhando. Teimosa, flexível, adulta, criança, moleca, madura, infantil, centrada, maluquinha, séria, risonha, o resto só de perto... rsrs.

Olhar sempre nos olhos! Honestidade, a mais difícil de todas as que tenho comigo mesma. Boa-vontade, a maioria das vezes. Mente aberta, quase sempre. Fé, sem ela não dá. Sou um ser humano, ora bolas!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Que o melhor sempre venha da melhor forma...



Que o melhor sempre venha da melhor forma...

Somente assim serei feliz...

E o que não for bom,

Desvia dos meus caminhos,

Caso contrário, passarei por cima.

Sou assim...

Assim como a vida é simples.

Somos felizes em essência.

O resto é o que deixamos que nos fizessem.

Não quero nada planejado,

Mas quero tudo querido.

Quero ganhar este sonho de viagem,

Para que possa acreditar

na realidade dos meus sonhos...