domingo, 2 de maio de 2010

Noite




Entre o céu e o mar

É mágico o instante, em que o Sol adormece sobre o mar. É divino o momento em que a Lua toca o teu corpo de sereia, revelando-o na suavidade dos contornos. Nesta distância que se impõe entre o céu e o mar, somos elos de uma única corrente que se tocam ao cair da Noite. Estendo o braço, em direção ao teu corpo, que ergues sobre as águas, tentando alcançar com teus dedos as estrelas de onde me debruço.
Acontece, na magia das palavras que como afagos suaves deposito sobre o teu corpo, no momento em que nossas mãos se entrelaçam. Unimos como o horizonte, o mar e o céu, o etéreo e o imortal, a realidade e a ficção, neste rio de frases que flui entre os corpos inventados, num momento mitológico em que um anjo se desprende do firmamento para te abraçar, num salto sobre o oceano imenso.
Entre cada letra, descubro os contornos esbeltos da beleza que se esconde na penumbra desta Noite, em que me encontro contigo em lado nenhum, em que te abraço o corpo molhado, e te aconchego em meus braços de vento. Escrevo-te, de olhos vendados, para que os sentidos se propaguem nas frases que os dedos inventam num momento de solidão. Leio-te, sem abrir os olhos, porque te escuto enquanto me escreves.

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